
INTRODUÇÃO
Dando continuidade às investigações acerca do mundo do trabalho em São José dos Campos, disponibilizamos uma pesquisa com os levantamentos atualizados a partir da RAIS 2017, cujos dados foram disponibilizados pelo Ministério do Trabalho em fins de setembro de 2017.
O documento traça um perfil dos estabelecimentos e da mão de obra em São José dos Campos, a partir de dados estatísticos oficiais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio das bases da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e também com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
A RAIS agrega anualmente dados dos estabelecimentos registrados e dos vínculos empregatícios em todo o Brasil. É uma declaração obrigatória para todas as pessoas jurídicas e outros empregadores. No caso do estabelecimento não ter empregados ou que tenha permanecido inativo no ano considerado, ainda assim deve apresentar uma declaração da RAIS, chamada RAIS negativa. Já o CAGED é um registro mensal feito pelas empresas, que informa dados elementares sobre os empregados contratados ou demitidos no mês da informação.
Para este relatório, foram selecionados os dados de São José dos Campos, entre os anos 2002 e 2017 – em alguns casos, em intervalos menores, pois a característica pesquisada não estava disponível por todo este período.
PERFIL DOS ESTABELECIMENTOS
Inicialmente, cabe destacar que a maioria dos empreendimentos que informaram a RAIS 2016, em São José dos Campos, enviaram a declaração de RAIS negativa. Este tipo de declaração é feita por empreendimentos inscritos no CNPJ que não possuam empregados registrados, ou que permaneceram inativos em 2016. É importante destacar os empreendimentos com RAIS não negativa, que representam os reais empregadores no município.

GRANDES SETORES DA ATIVIDADE ECONÔMICA
Para efeitos de classificação da atividade econômica, o IBGE adota uma classificação principal em cinco grandes setores: Primário (que engloba atividades agrícolas, pecuárias, silvícolas e congêneres), de Indústria, de Comércio, de Serviços e de Construção Civil. Estes grandes setores são divididos em setores, classes e divisões, mas em um panorama geral, como o deste documento, é interessante destacar a distribuição de estabelecimentos nos grandes setores.
Com relação aos grandes setores da atividade econômica, conforme o IBGE, a distribuição de estabelecimentos em São José dos Campos em 2017 foi a seguinte:
Grande setor | Não | Sim |
---|---|---|
Comércio | 5321 | 4828 |
Construção Civil | 846 | 1016 |
Indústria | 1049 | 854 |
Primário | 229 | 270 |
Serviços | 6654 | 10626 |
Total | 14099 | 17594 |

Os grandes setores de comércio e serviços apresentam o maior número bruto de estabelecimentos. Porém, observa-se que o setor de serviços possui, em São José dos Campos, presença maciça de estabelecimentos com RAIS negativa: mais de 10 mil empresas de serviços que não possuem empregados (RAIS negativa). O setor industrial é o único em que o número de estabelecimentos empregadores supera o número de estabelecimentos com RAIS negativa.
Comparando o número total de estabelecimentos por setor econômico em relação aos dados de 2016, temos o seguinte quadro, que mostra o crescimento da atividade de serviços no município:
Comparativo RAIS 2016/17, conforme setores econômicos – número de estabelecimentos
Grande setor | 2016 | 2017 | Diferença |
---|---|---|---|
Comércio | 10528 | 10149 | -379 |
Construção Civil | 1904 | 1862 | -42 |
Indústria | 1880 | 1903 | 23 |
Primário | 496 | 499 | 3 |
Serviços | 16661 | 17280 | 619 |

A evolução do número de estabelecimentos, de acordo com cada grande setor, permite constatar a crescente importância do setor de serviços, bem com o aumento sustentado no número de estabelecimentos da Indústria e Construção Civil. O setor de Comércio, contudo, apresenta uma ligeira retração desde 2009.
Ano | Indústria | Construção Civil | Comércio | Serviços | Primário | Total |
---|---|---|---|---|---|---|
2002 | 1243 | 733 | 10419 | 9532 | 284 | 22211 |
2003 | 1284 | 804 | 10738 | 9953 | 275 | 23054 |
2004 | 1312 | 794 | 11019 | 10266 | 271 | 23662 |
2005 | 1406 | 774 | 11440 | 10784 | 280 | 24684 |
2006 | 1529 | 844 | 11493 | 11377 | 304 | 25547 |
2007 | 1514 | 920 | 11742 | 11840 | 321 | 26337 |
2008 | 1568 | 1087 | 11803 | 12367 | 309 | 27134 |
2009 | 1607 | 1260 | 12058 | 13259 | 322 | 28506 |
2010 | 1653 | 1445 | 11792 | 13730 | 332 | 28952 |
2011 | 1715 | 1690 | 11733 | 14436 | 510 | 30084 |
2012 | 1860 | 1790 | 11713 | 14697 | 450 | 30510 |
2013 | 1872 | 1837 | 11641 | 15513 | 548 | 31411 |
2014 | 1920 | 1850 | 11390 | 15825 | 578 | 31563 |
2015 | 1950 | 1911 | 11064 | 16376 | 487 | 31788 |
2016 | 1880 | 1904 | 10528 | 16661 | 496 | 31469 |
2017 | 1903 | 1862 | 10149 | 17280 | 499 | 31693 |

TAMANHO DO ESTABELECIMENTO
Os dados divulgados pelo MTE permitem inferir o tamanho do estabelecimento de acordo com o número de funcionários. A classificação começa com empresas com zero funcionários, e a última classe é aquela que abrange empresas com mais de 1000 funcionários.
Tamanho do empreendimento – RAIS 2017, São José dos Campos
Nº Funcionários | Nº Empresas |
---|---|
zero | 19032 |
Até 4 | 7338 |
de 5 a 9 | 2605 |
de 10 a 19 | 1398 |
de 20 a 49 | 817 |
de 50 a 99 | 273 |
de 100 a 249 | 159 |
de 250 a 499 | 37 |
de 500 a 999 | 18 |
1000 ou mais | 16 |
Os únicos setores que possuem estabelecimentos com mais de 1000 funcionários são o de Serviços e o da Indústria.

Os maiores empregadores, na faixa acima de 1000 funcionários, correspondem a empresas que pertencem às seguintes classes de atividade econômica.
Classe de atividade das empresas com mais de 1000 vínculos, em São José dos Campos, conforme RAIS 2017
Classe de atividade da empresa | Nº de Vínculos ativos |
---|---|
Telecomunicações | 1015 |
Seleção, agendamento e locação de mão de obra | 1167 |
Atividades de imunização, higienização e de limpeza em prédios e em domicílios (empresa 1) | 1243 |
Atividades de Atendimento Hospitalar (empresa 1) | 1293 |
Defesa (empresa 1) | 1397 |
Construção e Montagem de Aeronaves | 1571 |
Fabricação de Materiais para Usos Médicos, Hospitalares e Odontológicos | 1622 |
Atividades de Atendimento Hospitalar (empresa 2) | 1641 |
Fabricação de Artigos de Perfumaria e Cosméticos | 1753 |
Atividades de Investigação, Vigilância e Segurança | 2077 |
Atividades de Imunização, Higienização e de Limpeza em Prédios e em Domicílios (empresa 2) | 2491 |
Defesa (empresa 2) | 3157 |
Outras Atividades de Serviços Prestados Principalmente Às Empresas, não Especificadas Anteriormente | 4057 |
Fabricação de Automóveis, Camionetas e Utilitários | 4138 |
Administração Pública em Geral | 7519 |
Construção e Montagem de Aeronaves | 8263 |
PARTICIPAÇÃO NO PAT E OPÇÃO PELO SIMPLES
Para concluir as estatísticas sobre os estabelecimentos, cabe destacar duas informações enviadas à RAIS que estabelecem:
- a participação ou não do estabelecimento no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que é destinado a fornecer alimentação ao trabalhador no próprio estabelecimento ou mediante vale-alimentação (com incentivos fiscais); e
- a opção pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, que permite determinar as micro e pequena empresas, ainda que algumas possam, por opção ou vedação, não integrar o Simples.
Participação no PAT
Grande setor | Não | Sim |
---|---|---|
Comércio | 9782 | 367 |
Construção Civil | 1784 | 78 |
Indústria | 1777 | 126 |
Primário | 495 | 4 |
Serviços | 16434 | 846 |

Entre as empresas que optam pelo Simples, o quadro é o seguinte:
Opção pelo Simples
Grande setor | Não | Sim |
---|---|---|
Comércio | 3200 | 6949 |
Construção Civil | 776 | 1086 |
Indústria | 674 | 1229 |
Primário | 445 | 54 |
Serviços | 9135 | 8145 |

Com relação ao Simples, cabe destacar também o número de vínculos ativos nos estabelecimentos, que correspondem, grosso modo, aos empregos gerados por micro e pequenas empresas no município.
Grande setor | Vínculos ativos |
---|---|
Comércio | 16555 |
Construção Civil | 2253 |
Indústria | 4590 |
Primário | 283 |
Serviços | 19719 |
Total | 43400 |

Graficamente, o número de vínculos por setor, em empresas optantes pelo Simples
TRABALHADORES
Passa-se agora à análise dos trabalhadores com vínculo formal, conforme informados à RAIS no ano de 2017, em São José dos Campos.
Considerando os vínculos ativos para a data de referência de 31 de dezembro de 2017, São José dos Campos possuía um total de 187.441 empregados. O número representa uma ligeira queda com relação a 2016, quando foram registrados 192.181 empregados. A tendência de queda vem sendo verificada desde 2013, e acompanha a crise econômica nacional. Ressalta-se, contudo, que a diminuição das vagas atingiu um patamar de -2,47%, menor do que o verificado entre 2015 e 2016 (-4,46%).


A distribuição de empregos por grande setor econômico, em 2017, foi a seguinte:
Grande setor | Vínculos ativos |
---|---|
Primário | 843 |
Construção Civil | 8.407 |
Indústria | 38.584 |
Comércio | 38.770 |
Serviços | 100.837 |
Pela primeira vez em São José dos Campos o número de vínculos formais no setor da Indústria ficou abaixo do número de vínculos no setor de Comércio. A queda de postos no setor industrial vem sendo observada desde 2010, e se relaciona também com um novo modelo de organização da produção neste tipo de atividade. Em virtude da crise econômica nacional, outros setores também apresentaram quedas, porém há expectativa de reversão do quadro a partir de 2018. O gráfico seguinte permite visualizar a evolução de vínculos por grande setor, conforme os dados da RAIS:

SALÁRIOS
Para analisar a distribuição de salários, foi selecionada a variável que indica a média salarial do trabalhador ao longo do ano, em número de salários mínimos. A remuneração média é calculada com base em todo o ano, considerados apenas os meses em que o trabalhador esteve vinculado. Como de praxe, são considerados apenas os vínculos ativos em 31 de dezembro; o quadro para 2017 é o seguinte:
Faixa de remuneração | Nº Trabalhadores |
---|---|
Até 0,50 salários mínimos | 486 |
0,51 a 1,00 salários mínimos | 5431 |
1,01 a 1,50 salários mínimos | 40502 |
1,51 a 2,00 salários mínimos | 42137 |
2,01 a 3,00 salários mínimos | 35291 |
3,01 a 4,00 salários mínimos | 16528 |
4,01 a 5,00 salários mínimos | 10044 |
5,01 a 7,00 salários mínimos | 12432 |
7,01 a 10,00 salários mínimos | 9546 |
10,01 a 15,00 salários mínimos | 7314 |
15,01 a 20,00 salários mínimos | 3244 |
Mais de 20,00 salários mínimos | 2303 |

Observa-se que há concentração de empregos com remuneração entre 1 e 3 salários mínimos.
Com relação aos grandes setores da economia, a distribuição dos salários em 2017 foi a seguinte:






Do gráfico, conclui-se que a remuneração no setor industrial tende a salários mais altos (faixas em amarelo e rosa), enquanto que o setor primário tem remunerações tendentes a valores mais baixos, em número de salários mínimos. O setor de Comércio também possui grande participação de empregos com baixa remuneração, se comparado ao setor de Serviços.
ESCOLARIDADE

Como nos anos anteriores, a distribuição de escolaridade entre os empregados mostra uma proporção maior de pessoas com o ensino médio completo. O segundo grupo com maior proporção …
Escolaridade | Nº Pessoas |
---|---|
Analfabeto | 163 |
Até 5ª série incompleta | 1937 |
5ª série completa | 1774 |
6ª a 9ª série | 4597 |
Fundamental completo | 12759 |
Médio incompleto | 8663 |
Médio completo | 105870 |
Superior incompleto | 8103 |
Superior completo | 41393 |
Mestrado | 1624 |
Doutorado | 558 |
Analisando individualmente os grandes setores econômicos, quanto à escolaridade, observamos que o setor com maior presença de pessoas com nível de escolaridade superior é a Indústria, seguida de perto pelo setor de Serviços. Por outro lado, os setores Primário e de Construção Civil absorvem uma alta proporção de empregados com nível fundamental (completo ou não). O setor de Comércio possui a vasta maioria dos empregados com o nível médio. O gráfico a seguir detalha a participação de cada nível de escolaridade nos diferentes grandes setores econômicos, em São José dos Campos, no ano de 2017:
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Em consonância com a qualificação da mão-de-obra, observamos que a proporção de indivíduos com o nível superior cresce continuamente, tendo saltado de cerca de 20% da mão de obra para cerca de 25% entre 2006 e 2017 (considerados também os empregados com mestrado ou doutorado):
Nota-se ainda a redução paulatina dos trabalhadores com ensino fundamental ou fundamental incompleto.
